30.4.11

Compromisso nacional




«Os quatro presidentes da República, para celebrar o "25 de Abril", vieram pedir aos portugueses nada mais, nada menos do que um "compromisso nacional". E o dr. Cavaco pareceu exigir (ou exigiu mesmo) um governo maioritário para depois do 5 de Junho. Dada a natureza angélica destas quatro entidades, é difícil compreender se estavam a falar a sério ou se conversavam directamente com o Altíssimo, porque em si própria a proposta não passa de uma piedade pretensiosa e estúpida. Não há maneira de garantir um "compromisso" entre os portugueses, nacional ou outro, no estado a que o país chegou, a não ser pela força; e não há maneira de misturar (ou fundir) o que é claramente e proclamadamente incompatível, a não ser que de princípio se desista de qualquer espécie de unidade de acção. Mas não importa. Os catequistas do entendimento patriótico não querem mudar o mundo. Querem com a modéstia que sempre os distinguiu um única coisa: que o PS não fique na oposição. Porquê? Porque gostam dele? Não. Porque têm medo que o PS um dia destes venha para a rua com o PC e o Bloco e com a gente que por aí anda na maior miséria. O "compromisso" nacional não se destina a estabelecer a fraternidade e o sossego entre a populaça. Ao que se destina é a isolar a extrema-esquerda e a privar o presumível descontentamento com as medidas do FMI e da "Europa" de uma cabeça política eficaz. Daí que ninguém se atreva a sugerir uma segunda Aliança Democrática: puro anátema para os crentes e quase uma provocação para o PS. Os presidentes não gostam disso. Nem os "negócios", nem a "burguesia", nem a "alta classe média". Antes de tudo, ordem e sossego. O PS precisa de entrar na sopa turva do poder. Ou directamente, fazendo parte do governo; ou indirectamente, estabelecendo um pacto parlamentar, público e solene, com o PSD. Esse pacto amarraria o PSD à vontade do eng. Sócrates (se ele se recusasse a sair de cena), não permitiria nenhuma reforma de substância (no ensino, na saúde, no funcionalismo ou na justiça) e deixava manifestamente o PS em boa posição para nos voltar a pastorear. O "compromisso nacional" não passa de um artifício (ou de uma tentativa) para influenciar os resultados do 5 de Junho, antes do 5 de Junho. Irá com certeza acabar na balbúrdia e na paralisia.Mas nunca Portugal assistirá às cenas lamentáveis que vimos na Grécia. Os presidentes são sábios.»

*Vasco Pulido Valente, Público


daqui

2 comentários:

Um Reformado à rasca disse...

Não esteve presente na entrega do sumarino...Fontes jornalisticas, afirmaram que PP está muito chateado com o ministro da defesa, porque o CDS é o partido que mais se entressou pela defesa do negócio.

Nesta gente nunca votarei disse...

Está muito chateado com o ministro da defesa por não o ter convidado para receber os sumarinos que tanto jeito deram ao CDS... até Nobre guedes ficou chateado, porque foi ele que tratou do negócio.... Tudo isto em nome da defesa Nacional...