8.11.10

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Tempos sombrios

Foi um fim-de-semana como outros. O CM noticiou (notícias destas quase deixaram de ser notícia, de tão comuns) que "o lóbi das farmácias" terá conseguido, com os préstimos de um vice-presidente da bancada do PS e mais pessoas ligadas ao mesmo partido, que "o Governo alterasse a lei da concessão das farmácias hospitalares" à medida das conveniências da ANF. Por sua vez, o "Sol" deu conta de que o MP investiga suspeitas de pagamento de 6 milhões "a quatro decisores políticos" para que a concessão da SCUT do Grande Porto tenha ido parar às mãos da Mota-Engil (empresa onde avultam, em lugares de topo, vários ex-governantes do PS e PSD). Apesar de, segundo a LUSA, todos os anos 600 portugueses mudarem de nome, os nomes envolvidos em casos destes pouco mudam.
Já o "Expresso" revela que as "escolas abrem ao fim-de-semana para matar a fome aos alunos". E o "Público" que milhares de pessoas que "tinham emprego, férias, acesso à Net e TV por cabo" comem hoje na "sopa dos pobres" e recorrem à AMI, Caritas e Misericórdias pedindo "comida, ajuda para pagar os livros dos filhos, a mensalidade da casa, a conta da farmácia". "Pedem, sobretudo, que não lhes divulguem o nome, porque nunca se imaginaram" a estender a mão à caridade.
"Meu país desgraçado! /E, no entanto, há Sol em cada canto", como disse Sebastião da Gama em tempos igualmente sombrios. E, como estes, presididos por deuses sombrios.

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