5.11.10

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Grelhadores ecológicos corridos da rua da Lota de Matosinhos

HERMANA CRUZ



Grelhadores ecológicos corridos da rua da Lota de Matosinhos


Mesmo quando tinham o grelhador ecológico no restaurante à experiência, a maior parte dos comerciantes da rua Heróis de França continuou a usar o fogareiro tradicional
O grelhador ecológico comprado pela Câmara de Matosinhos, há dois anos, reprovou no teste dos restaurantes da zona da lota. É enorme e quem o usa queima-se, dizem. Por isso, alguns vão comprar o fogareiro usado em Setúbal. A Autarquia avisa que esse será ilegal.
Jorge Duarte, do restaurante "O Lusitano" assa peixe na rua há 20 anos e diz que nunca viu um grelhador tão mau. "É um monstro! Tapa a visão do restaurante, é demasiado pesado, nem dá para mudar de posição para o afastar do vento. Como tem ranhuras muito pequenas, o calor não sai como devia e acabamos por nos queimar quando estamos a assar. Os vidros partiram todos", descreve.
Nem uma semana Jorge Duarte quis o grelhador. No restaurante "O António" aguentou dois dias, em princípios de Setembro. "Não tem grande utilidade. As pessoas nem têm espaço de manobra para cozinhar", sublinha o proprietário António Lopes, criticando ainda o facto do grelhador ser apenas uma estrutura com exaustão de fumos. "Temos que usar, na mesma, o nosso fogareiro", diz.
Assim, ao fim de dois anos de experiência, o balanço é negativo. O grelhador ficou cheiro de ferrugem, com os vidros partidos e o sistema de exaustão avariado, descrevem os comerciantes. Está nos armazéns da Câmara. "Disseram que não seria usado por mais ninguém", revela António Lopes. 
Porém, o comerciante quer manter a tradição de assar peixe na rua, na Heróis de França, em Matosinhos. Mas compreende que os tempos exigem outras condições. Por isso, encomendou um grelhador como o usado em Setúbal. Chegará em Janeiro. "Vai custar 1600 euros e é bem mais engraçado e funcional", adianta, garantindo que alguns dos 21 restaurantes da zona da Lota vão aderir.
Não será o caso, contudo, de Valentim Santos, dono de "O Valentim", frequentado por um dos autores do grelhador encomendado pela Autarquia. "Compraria um se a Câmara avançasse com o projecto de melhorar as esplanadas. Vai dar uma melhor imagem à rua e o fumo sai mais purificado", argumenta Valentim Santos.
A Câmara ainda não tem, todavia, uma data para avançar com o projecto, que prevê a construção de esplanadas fixas, onde será incorporado o grelhador ecológico. 
"Estávamos à espera do fim da Festa do Mar para fazer um balanço com a Associação Peixe à Mesa e ver se há melhoramentos a fazer no grelhador. Este é um protótipo que esteve à experiência dos restaurantes", explica o vice-presidente da Câmara de Matosinhos.
Nuno Oliveira avisa, desde já, que esse "será o único grelhador que poderá estar na via pública". "Não conhecemos outro que cumpra todas as regras de segurança alimentar, se integre na rua e resolva o problema dos cheiros", vinca o autarca, convicto de que o fogareiro usado em Setúbal não será, assim, "uma solução adequada".

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