8.2.10

1712


Sócrates ligado à máquina

por Ana Sá Lopes

Vista a esta distância, constata-se que a conspiração estival de Belém não passava de uma criancice de ingénuos. Enquanto Cavaco deixava no ar a suspeita de ser vítima de vigilância do governo, no quarto do poder congeminava-se a neutralização dos jornalistas incómodos com objectivos partidários, usando os recursos do Estado. E tudo feito com a tranquilidade de ter no topo do sistema judicial um procurador-geral amigo e contemporizador. Daqui ninguém sai vivo – o sistema político, o económico, o judicial. Por razões externas (a imagem do país nos mercados, o orçamento, o Plano de Estabilidade e Crescimento) e internas (o desnorte no PSD), talvez o Presidente evite ser agora consequente face ao irregular funcionamento das instituições. Mas o que a mensagem de Cavaco no sábado (“todos temos de cumprir a lei”) já revela é que Sócrates está ligado à máquina. Sair do coma nestas circunstâncias é uma improbabilidade estatística

no I

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