Repare-se como são profundamente distintos os projectos do «alta velocidade» do Eng.º Sócrates e do ministro Vieira da Silva e o «alta prestação» do Dr. Passos Coelho e do ministro Álvaro Santos Pereira. O primeiro saía de uma terriola manhosa nos arredores de Palmela, enquanto que o segundo partirá da prestigiada vila do Poceirão. O primeiro teria sido feito sob a inaceitável pressão de Bruxelas, enquanto que o segundo foi «acertado» pelo governo português com a Comissão Europeia; o primeiro seria uma consequência de desastrados contratos internacionais feitos pelo governo Sócrates, já o segundo honrará a palavra dada pelo estado português, que é pessoa de bem; o primeiro saciaria a megalomania daqueles dois governantes, ao passo que o segundo «melhorará a competitividade da economia portuguesa, tornando as exportações mais baratas»; o primeiro seria construído com umas migalhas de Bruxelas e o resto com o dinheiro do contribuinte português, enquanto que o segundo aproveitará uns voluptuosos 1.300 milhões de fundos comunitários e nada nos custará; e, é claro, a grande e substancial diferença que explica a distinção onomástica: o «alta velocidade» chegaria aos 320 km/h, se os vagões circulassem em «lignes à grande vitesse», enquanto que o «alta prestação» não ultrapassa uns miseráveis 250 km/h. Tudo diferenças profundas que honram, simultaneamente, os compromissos eleitorais do PSD, a palavra recentemente dada pelo ministro da economia, os sacrifícios que estão a ser «pedidos» aos portugueses e as necessidades desenvolvimentistas da pátria. Fica apenas por esclarecer quanto nos custará isto em subsídios de férias e de Natal, mas nada que, mais tarde ou mais cedo, se não venha a saber.
no BLASFÉMIAS
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