27.5.11

Fundo da Segurança Social tem em carteira 62% de dívida pública

Ministério do Trabalho assumiu ontem que, após o pedido de ajuda externa, o fundo participou nos leilões de bilhetes do Tesouro
O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) tem cerca de 62% da carteira em dívida pública portuguesa, segundo os dados divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e da Segurança Social.

A polémica em torno da compra de títulos de dívida pública, a pedido do Ministério das Finanças, reacendeu-se ontem, depois de Passos Coelho ter acusado o governo de "inconsciência" por ter posto em risco as disponibilidades financeiras da Segurança Social.

Fonte oficial do Ministério do Trabalho e da Segurança Social esclareceu que os "investimentos em causa foram efectuados no respeito da lei, são investimentos diminutos, da ordem dos 2% da carteira, quando o FEFSS dispunha já de cerca de 60% de carteira em títulos da dívida pública portuguesa".

O reforço feito prende-se "com investimentos de curto prazo [bilhetes do Tesouro] e de elevada rendibilidade, que não puseram em causa, antes reforçaram, a posição estratégica de longo prazo do FEFSS, efectuados dentro das regras estabelecidas no Regulamento de Gestão do Fundo", esclareceu mesma fonte.

O secretário de Estado da Segurança Social, em declarações à Lusa, reafirmou que os montantes de compra de dívida pública foram "exíguos" e só ocorreram após o pedido de ajuda externa. Pedro Marques disse que o fundo da Segurança Social se limitou a "aproveitar" as taxas de juro elevadas que estavam a ser cobradas pela dívida pública portuguesa. "O que existiu foi uma questão de aproveitar - estabilizando o financiamento da dívida pública - as elevadas taxas de rendibilidade, e em investimentos de muito curto prazo, portanto não se pôs em causa a gestão estratégica do fundo". A compra por este fundo de títulos de curto prazo no leilão que antecedeu o pedido de ajuda de Portugal, a 6 de Abril, foi desmentida pelo Ministério da Segurança Social. Na altura foi noticiado que várias entidades públicas tinham sido chamadas a comprar títulos para garantir o êxito das operações de financiamento do Estado.

O Tesouro estava a sentir crescentes dificuldades em encontrar investidores para a compra de dívida pública e a banca já alertava que não estava disponível para participar nos leilões.

Segunda-feira foi publicado em Diário da República um despacho das Finanças que tinha como objectivo "salvaguardar o investimento em títulos representativos de dívida pública na composição da carteira do FEFSS"

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