O Cronista Indelicado
Depois do tango já só resta a tanga
Se algum dia os principais cabecilhas do governo Sócrates fossem apanhados em flagrante delito a arrombar os cofres do Banco de Portugal iriam jurar a pés juntos que só estavam ali a olear o mecanismo, porque a fechadura estava um bocadinho perra.
Por:João Miguel Tavares
E manter-se-iam firmes nas suas posições de virgens ofendidas, atirando culpas para cima do fabricante do cofre, dos tipos que trabalharam com o cofre 15 anos atrás, da comunicação social que deu a notícia e, por fim, do tempo húmido, muito propício à ferrugem. Em 27 anos de democracia, nunca tivemos um governo tão mau, no qual se pudesse confiar tão pouco e que tivesse prejudicado tanto o país. Mas se o governo Sócrates é profundamente incompetente, numa coisa temos de lhe fazer justiça: é muitíssimo competente a camuflar a sua incompetência.
E por isso foi ver o ministro Pedro Silva Pereira, que é para José Sócrates o que nunca Sancho Pança foi para D. Quixote, cirandar pelas televisões após a conferência de imprensa de Passos Coelho sobre o orçamento, protegendo o eterno chefe e o seu refulgente governo. Com aquele ar maravilhoso de que o país está numa lástima mas nós não tivemos nada a ver com isto, Silva Pereira criticou Passos Coelho com tiques de mestre-escola: o líder do PSD foi feio por se ter esquecido de fazer as contas às suas propostas e o líder do PSD foi malvado ao expor numa conferência de imprensa assuntos que só se discutem na intimidade do Bloco Central.
A dupla Sócrates-Silva Pereira – com uma ajudinha de Augusto Santos Silva e, cada vez mais, do próprio Teixeira dos Santos – não tem grande futuro a governar o país. Mas de uma coisa estou certo: eles podem vir a ter uma carreira maravilhoso a encher Pavilhões Atlânticos na área da auto-ajuda. A negar a realidade e a vender ilusões baratas, não há melhor em Portugal.
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