Candidatura de Alegre está a condicionar aparelho do PS
Federações defendem adiamento das eleições distritais para depois da corrida a Belém
00h30m
CARLA SOARES
Vários líderes distritais do PS defendem que as eleições para as federações devem realizar-se só após as presidenciais, para não se dividir ainda mais o partido num cenário de candidatura de Manuel Alegre. Renato Sampaio discorda e quer antecipar a eleição do PS/Porto.
O calendário das eleições internas no PS foi discutido num jantar que juntou, no final da semana passada, oito líderes federativos. O mote para a conversa foi a disponibilidade que Manuel Alegre manifestou para se recandidatar à Presidência da República, decisão que apenas tomará após a aprovação do Orçamento.
No jantar, para o qual foram convidados os outros dirigentes, o sentimento geral foi o de que as federações apenas deveriam ir a votos após a corrida a Belém, em Janeiro próximo, para não mergulhar o PS em divisões. As eleições internas estão previstas para finais de Outubro, inícios de Novembro, o que, na opinião dos participantes no jantar, surge muito em cima da campanha para as presidenciais. Além disso, ter-se--ão comprometido a aguardar pela posição oficial do PS sobre quem apoiar nas presidenciais e a seguir essa orientação com empenho. No caso de o PS se dividir perante a candidatura de Alegre, argumentam alguns, seria mais uma razão para não fazer eleições internas a dois meses de distância. Já o Orçamento é argumento para não quererem antecipar.
À espera da posição oficial
No encontro, apurou o JN, estiveram os responsáveis pelas federações da Área Urbana de Lisboa (FAUL), de Aveiro, de Bragança, de Santarém, de Beja, do Algarve, do Oeste e de Coimbra, tendo sido este último a organizar o jantar.
Contactado pelo JN, o presidente do PS/Coimbra, Victor Batista, confirmou a iniciativa, mas como sendo um "jantar de amigos" que juntou os líderes federativos. E garantiu que o objectivo do jantar não é endereçar qualquer posição a José Sócrates.
A título pessoal, avançou a sua posição, defendendo que o quadro político não é o melhor para se realizar eleições federativas. Por um lado, porque a corrida para as concelhias decorre entre Março e Abril. Por outro, porque as presidenciais são em Janeiro.
Victor Batista considera que deve evitar-se que o PS entre em actos eleitorais sucessivos e "dividir o partido" em cima das presidenciais. E que não deve antecipar-se os congressos, "quando há matérias mais importantes, como o Orçamento". "Eleições em Junho para as federações é antecipar o calendário eleitoral. Não faz sentido. Haverá presidentes mais interessados nisso" do que nos dossiês nacionais, argumenta. Dasua parte, Vítor Batista, que prevê recandidatar-se, é coordenador do PS na comissão do orçamento.
"As eleições distritais só fazem sentido ou no tempo previsto, em Outubro, ou depois das presidenciais", resumiu, ao JN, alegando, também, que "o normal" nestas circunstâncias "é serem adiadas".
Renato Sampaio, líder do PS/Porto, discorda. Sem comentar o jantar, defendeu a antecipação. "Quando for para a campanha das presidenciais, o PS deve estar com a casa arrumada", justificou o deputado, alegando que os últimos congressos já foram adiados. E, agora, "também não custa nada antecipar por causa das presidenciais".
Para José Luís Carneiro, seu adversário na Distrital, o calendário deve ser respeitado, mas admite que o acto possa ser "atrasado" para "o partido não estar divido". Pelo menos, na corrida interna.
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