23.8.09

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Pobre Matosinhos














Creio ser uma evidência que a vitória eleitoral na Câmara de Matosinhos vai ter um de três nomes: ou Guilherme Pinto, ou Narciso Miranda ou Guilherme Aguiar.
Poderão ocorrer vitórias menores, ou de segunda linha, que serão significativas: um segundo vereador do PC e um, ou mesmo dois, do Bloco.
Seriam resultados que, a verificarem-se, teriam repercussão política importante, sobretudo no pântano que vão ser as alianças pós-eleitorais.
Não as considerarei aqui porque não interessam ao ponto onde quero chegar.

Parece-me óbvio que Matosinhos necessita de uma alteração dos métodos, das políticas, dos modos de estar e actuar.
E seria bom que estas eleições permitissem uma renovação de pessoas, de mentalidades, de posturas.
Precisava de ter um corpo de eleitos para governar os seus destinos e que fossem exemplo de lisura, de correcção, de verticalidade, de isenção...
Em suma, que fossem gente séria!

Infelizmente tal não vai acontecer.

Não acontece com nenhuma das candidaturas da área, por assim dizer, socialista: nem com a candidatura «independente» do comedor, nem com a candidatura «clandestina» de Guilherme Pinto.
Não são mais do que duas faces da mesma moeda: a continuação por vias paralelas e idênticas da mesma «tropa», da mesma maneira de estar e agir no poder autárquico.
Nada as distingue senão a disputa pessoal, a rivalidade edipiana, a procura das mesma benesses se calhar ilícitas.
Comungam das mesma culpas e misérias, do mesmo passado triste, pesam-lhe nas consciências - pesariam se as tivessem - os mesmos erros, os mesmos defeitos, os mesmos crimes.
Vão travar entre si uma luta fratricida em que se vão mutuamente acusar dos factos que em comum e de comum acordo praticaram.
E que silenciaram; só agora os vão atirar para a praça pública na justa medida em que pensem que com isso podem beneficiar no ganho de votos.

Mas a candidatura do PSD/CDS, encabeçada por Guilherme Aguiar, não é melhor e também não traz nada de novo.
Não percebo, aliás, como pôde a direita, num ano em que finalmente estava mais perto de ganhar as eleições, escolher este candidato e, pelo que se vai sabendo, esta lista.
É, parece-me, manifesto que é um candidato e uma lista impostos às estruturas locais do PSD.
Escrevo com o único conhecimento de causa que tenho, que é a leitura dos jornais e dos blogs; mas se for assim é fácil adivinhar pouco empenhamento na campanha e o esmorecimento de votantes habituais.
Por outro lado é um afloramento da mesma maneira de estar, da mesma forma de agir, do mesmo entendimento da política que têm as candidaturas originárias do PS.
É o mesmo negocismo, a mesma defesa de interesses pessoais, a mesma falta de lisura.
Tudo isto agravado com o facto - não despiciendo - de ser um homem dos futebois. Com a carga negativa e desprezível que tal pode conter.

Portanto, ganhe qual dos três ganhar, Matosinhos perde.

E perde sobretudo com a vitória de qualquer uma das listas que vêm da área do PS.
Acredito que uma delas será a vencedora; e inclino-me - mero palpite - a crer que seja a lista «clandestina».

O PS tem em Matosinhos pessoas que poderiam renovar a governação da Câmara; pessoas que fariam a diferença em relação aos últimos trinta anos.
Que poderiam mostrar uma outra forma de dirigir uma autarquia, com lisura, com dignidade, com seriedade.

Infelizmente a vitória quer de Narciso quer de Guilherme Pinto impedirão essa tão necessária renovação.
Seja qual deles que ganhe tudo vai ficar na mesma, no mesmo pântano.
O único facto localmente significtivo será que o perdedor sai pela direita baixa e desaparece da política local.

Quanto ao demais, os «irmãos desavindos» vão, mais cedo ou mais tarde no decurso dos próximos quatro anos, fazer as pazes, pacificar as relações, e voltar a unir-se.
O poder e as benesses que ele traz são mais importantes que divergências de ocasião.
E daqui a quatro anos voltam a concorrer, unidos e amigos, para se perpetuarem e reproduzirem.

Assim eliminando o risco de qualquer renovação na administração autárquica do PS, perpetuando-se no poder e prejudicando Matosinhos e os matosinhenses.
Este teria sido o momento de alterar as coisas.
Não tendo havido o golpe de asa para o fazer, não voltará tão cedo a haver outra oportunidade.

Os amáveis leitores que tiveram a paciência de ler até aqui perceberão o ponto a que queria chegar!

2 comentários:

Vítor Maganinho disse...

Caro amigo,

Acabo de ler o melhor texto sobre a actualidade da política matosinhense.

Estou 100% de acordo com ele.

Quanto à minha opinião pessoal:

Honório Novo o melhor de todos os actuais candidatos, carrega o peso do partido a que pertence e o condena a votações residuais.

O PS deveria avançar já António Parada, muito mais mobilizador, humano e carismático que o cinzentão e entalado por os poderes e interesses Guilherme Pinto. Só a conivência com Narciso Miranda e com tudo o que de mal foi feito durante todos estes anos a Matosinhos, deveria ser motivo suficiente para que este senhor, Seabra, Dias da Fonseca, Vila Verde, Olga, Palmira, Barros, e toda a gente que andou na gamela de Narciso e agora aparecem como impolutos e o renegam como se nada tivessem a haver com o passado que agora tanto criticam. Dizia eu acima que deveria ser motivo mais que suficiente para que fossem corridos de uma vez. Haja vergonha que são todos farinha do mesmo saco.

O PSD, tem em Matosinhos pessoas do melhor que há, por exemplo Pedro Sá Carneiro (para mim o melhor de todos), o Dr. Artur Osório, ou o Engº Fernando Silva (talvez o seu melhor dirigente de sempre) e ainda... O Dr. Magalhães Pinto que à época da escolha do candidato, ainda não nos tinha dado a desilusão de vê-lo ao lado de GP e do PS que tanto critica, no seu blogue e artigos de opinião que escreve em várias publicações). Preferiu ir buscar um tipo ligado a coisas tão sinistras como o são, futebol e noite. Sem qualquer ligação a Matosinhos e com a agravante de, passando eu diariamente na sua sede de candidatura e tendo sido por muitos anos militante e frequentador das sedes do PSD. Passo naquela porta, espreito lá para dentro e não conheço UMA ÚNICA pessoa.

Narciso é Narciso e para mim é o principal responsável por o estado da democracia em Matosinhos, ser uma batata. Tal qual a lógica com o mesmo nome. Tudo doMINADO, interesses dos senhores salvaguardados, JS em todo o lado (Serviços públicos), Armada do betão em estado de vale tudo, bares da praia e por aí fora...

Como pode a minha terra ter virado isto????

Abraço e parabéns pelo excelente texto.

Anónimo disse...

Caro Sr. Leixão. Só quem o não conhece poderá acreditar que o que diz não é mera retórica, ou frustação de quem não teve lugar na lista do PS, ou qualquer outra.
É verdade que há melhores pessoas em Matosinhos para ocupar lugares na administração do concelho. Mas não menos verdade é que os não vejo a apresentarem-se a sufrágio e os que se apresentam também têm virtudes. Não concordo com alguns nomes de Guilherme Pinto. Mas ele próprio é honesto, tem genuinas preocupações de índole social e conhece o concelho. É cinzentão? Tem pouco carisma? Será.
Mas se for desonesto, desinteressado mas bom palhaço, demagogo, manobrardor dos povos, já será bom político?
Criticar o que o outros fazem é fácil. Apresentar ideias, concretizá-las e esperar fazer melhor só está de facto reservado aos que estão na política para servir não se servindo.
Tem o Sr, Maganinho razão, em parte.
António Parada não está preparado para assumir tão cedo, aquele tipo de responsabilidades.
Honório Novo é inaceitável pois pertence a um partido que perfilha uma ideologia assassina, que causou centenas de milhões de vítimas em todo o mundo. Abandone essa formação e logo veremos.
Para finalizar parece-me que desconhecem o que é a política. Leiam Vital Moreira.