15.6.08

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Cada um faz dos factos políticos a leitura que mais lhe convém, ou que mais se adapta aos seus ideais ou convicções, ou que lhe parece adequada aos fins que pretende alcançar.
Do meu ponto de vista a relevância do "não" irlandês é a da recusa de ver os destinos da Europa conduzidos por uma classe política (a das potências dominantes) e um poder político burocrático instalado em Bruxelas, que se acham seres iluminados e no direito de afastar os cidadãos das decisões políticas relevantes.
Que, enfim, se acham no direito de fazer batota.
E que já se preparam para a fazer à custa da liberdade de decisão dos irlandeses.
Claro que se percebe que decisões como a do referendo irlandês não podem agradar aos batoteiros políticos nacionais, aos que se comprometeram com o referendo na campanha eleitoral e o abandonaram quando perceberam que ele podia não lhes trazer os dividendos políticos que esperavam.
E que para justificar a sua decisão, o entorse aos compromissos, e para se justificarem, porque a sua vida (a sua carreira política) é construída com base no jogo oportunístico e na falta de carácter e de seriedade, estão prontos a tudo, desde que isso lhes pareça poder garantir o poder que pensam que tém

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