Fortunas
Portugal lidera desigualdade no rendimento disponível
Portugal é o país da União Europeia (UE) com maiores desigualdades entre ricos e pobres. Numa altura em que se discute a possibilidade de taxar quem tem mais, os dados revelam que em Portugal os 20 por cento mais ricos auferem 43,2 por cento do rendimento disponível. É a percentagem mais alta dos 27 Estados-membros da UE.
No nosso país, os 10% mais ricos arrecadam 28% do rendimento total, a percentagem mais elevada na UE 27, com um rendimento 10,3 vezes superior ao dos 10% mais pobres, segundo o relatório do Observatório das Desigualdades que cita números do Eurostat. O Governo prepara-se para introduzir uma taxa especial sobre mais ricos, uma medida semelhante aos franceses que aprovaram um imposto transitório de 3% sobre quem ganhe mais do que 500 mil euros por ano.
Mas ao contrário de França, onde os milionários tomaram a iniciativa de se mostrarem disponíveis para ajudar, em Portugal a maioria dos detentores de grandes fortunas remete-se ao silêncio. O imposto em Portugal poderá entrar em vigor em 2012, apurou o CM, mas o Executivo não avança pormenores. O deputado do PSD Luís Menezes considera o projecto de lei do BE para taxar as grandes fortunas "meritório", mas argumentou que "a pressa é inimiga da perfeição" e que o PSD está a "estudar" a matéria. "É preciso pensar e concretizar numa medida legislativa com pés e cabeça. É assim que deve ser feito o processo legislativo, não deve ser uma corrida para estarmos na agenda mediática", afirmou. O BE apresentou ontem o seu projecto para a criação de um "imposto de solidariedade sobre as grandes fortunas", incidindo no património global acima de dois milhões de euros. O imposto aplicar-se-ia sobre valores mobiliários, como quotas, acções ou obrigações, créditos, instrumentos de poupança e propriedade imobiliária.
OBRIGAÇÕES SOCIAIS BRITÂNICAS
No Reino Unido, a contribuição para ajudar a combater a crise pedida aos milionários foi outra. O governo propôs a compra de "obrigações com impacto social" por filantropos e instituições de caridade, uma medida que pode reduzir a despesa do Estado neste sector.
Segundo a ideia, os investidores recebem dividendos por cada iniciativa que resolva problemas sociais, como crime ou toxicodependência, por exemplo. O governo acredita que a iniciativa angarie fundos para combater estas situações.
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