25.8.11




"Arte degenerada"


A Companhia de Seguros Tranquilidade proibiu à última hora uma exposição no seu Espaço de Arte quando descobriu que ela tinha temática homossexual. Fez bem, sou cliente da Tranquilidade e sinto-me mais tranquilo. Antes não me sentia pois, ao preencher a papelada, verifiquei com estranheza e preocupação que a Tranquilidade não me perguntava se eu não seria, por acaso, gay. Ora tanto eu, segurado, como a pessoa segura poderíamos bem ser "bichas" e isso afrontaria aquilo que a Tranquilidade chama de "valores da empresa", secção vida íntima alheia.
A decisão de proibição (ou "cancelamento", que é palavra menos feia) da exposição "P-town", resultado de uma residência dos artistas João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira na cidade norte-americana de Provincetown, esclareceu finalmente as minhas dúvidas sobre a masculinidade dos "valores" da Tranquilidade. (Diga-se "en passant" que o Acordo Ortográfico perdeu uma boa oportunidade para pôr os pontos nos ii e mudar o género da palavra "masculinidade", já que o facto de ser do género feminino pode gerar equívocos em espíritos fracos).
É bom saber que, na "coutada do macho ibérico", há uma empresa que se mantém fiel aos viris valores ancestrais e tem a coragem de, como nos saudosos anos 40 na Alemanha e na URSS, "cancelar" a "arte degenerada".
Porque não se dedicam os artistas a pintar pores-do-sol e retratos dos 'stakeholders' do Grupo Espírito Santo?

1 comentário:

Livre Pensador do Norte disse...

Há tantos burros mandando em homens de inteligência,que às vezes fico pensando,se a burrice não será uma ciência.