26.10.10

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Dinheiro vivo

Marujos e marajás

Na quinta-feira, os automóveis dos presidentes das empresas do Estado estacionaram no passeio do Ministério das Finanças. Os gestores da CP, Metro, TAP, Refer, CTT, etc. haviam sido convocados para uma reunião com o Governo, onde ouviriam que têm três semanas para dizer onde vão cortar 15% dos custos das suas empresas.
Por:Pedro S. Guerreiro, Director do 'Jornal de Negócios'
Felizmente para eles, as televisões não se lembraram de filmar o desfile de topos de gama: tanta cilindrada presta-se a provocação. Marcelo Rebelo de Sousa chamou-os de ‘Marajás’. Fez mal, pois muitas destas empresas têm gerido com rigor: os cortes na TAP, CTT ou Carris mostram uma evolução incomparável com a dos Metros de Lisboa e Porto ou da CP. A verdade, contudo, é que os cortes agora impostos a estes trabalhadores são os mais drásticos do Orçamento do Estado. Só as reduções nas horas extraordinárias, subsídios de refeição e prémios mensais chegam a tirar o equivalente aos subsídios de Natal e de Férias... a quem ganha 600 ou 800 euros por mês. Cortes cegos fazem vítimas inocentes.
Criticar os automóveis dos presidentes é demagogia. Mas pasma-se ao ouvir que o corte do número de administradores nestas empresas é, afinal, apenas um projecto a pensar, como disse José Sócrates. A insensibilidade social é um insulto.

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