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"Um homem decente"
Li num blogue insuspeito de simpatias ideológicas pelo PCP a expressão "um homem decente" para caracterizar o desaparecido dirigente comunista António Dias Lourenço, e vi depois a mesma expressão repetida mais do que uma vez em outros dispersos lugares. Caracterizar é distinguir. Numa sociedade minimamente saudável do ponto de vista moral, em que a decência, e não a falta de escrúpulos, fosse a regra, a expressão "um homem decente" não distinguiria. Só em sociedades moralmente doentes como aquela em que hoje vivemos a decência se torna uma característica distintiva e expressões como "um homem decente" têm conteúdo informativo. Dias Lourenço dedicou toda a vida (17 anos dela passados nas prisões de Salazar, outros tantos na clandestinidade) a bater-se por ideias e valores e não por interesses pessoais. Quase 40 anos depois do 25 de Abril, em tempos, como estes, de recém-chegados e de oportunistas, isso é certamente motivo de escândalo. De quantas das notoriedades que abundam hoje na nossa vida política e económica poderemos dizer "um homem decente" sem abastardar a própria noção de decência?
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