13.5.10

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Camilo Lourenço
Quando os governos não têm juízo


O país vai apertar o cinto a níveis sem precedentes nos últimos 27 anos, o que se traduzirá na quebra do rendimento disponível, cortesia da violenta subida dos impostos (IVA a 22% e pelo menos 20% de IRS sobre o 13º mês). Fora a redução dos benefícios fiscais...

Para o cidadão comum, o que não consegue fugir aos impostos e o principal prejudicado pelo aumento vertiginoso da carga fiscal nas últimas três décadas, este aperto é uma grande injustiça. Só que não há outra solução: como o Estado vai gastando cada vez mais (nenhum Governo baixou a despesa corrente), precisa também de mais receita para cobrir a despesa. 

E eis-nos chegados ao desastre actual. Depois de meses a brincar à consolidação orçamental, o Governo ficou entre a espada (Comissão) e a parede (FMI): ou baixa o défice ou a União larga-nos nas mãos dos mercados. E com taxas de juro das OT a 10 anos a 6,2% e BT a 3% ninguém resiste muito tempo…

Acresce que como o país não vai "tolerar" o confisco do 13º mês (ou parte dele) para sempre, o Governo tem um gravíssimo problema: como reduzir o défice para 5,1% em 2011 se até lá não vai conseguir por a despesa (corrente) na ordem? Para complicar tudo, Portugal tem ainda um monumental problema de competitividade, expresso em défices externos à volta de 9% do PIB de há seis anos a esta parte (que se manterão pelo menos até 2013). 

São estes receios que mantêm os mercados e agências de rating em alerta. Como dizia ontem o analista Marco Annunziata, ao NYT, "Quando não se é competitivo não se consegue ter crescimento económico". Voilá.

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