1.5.10

2050



O que move Sócrates não é mais do que a imagem, de "modernizador" e "duro", que, no fundo de si próprio, ele julga ser.
Gostava  de nos legar um Portugal irreconhecível e maravilhoso: com computadores na escola, com o MIT,com o Simplex triunfante com o novo aeroporto, com o TGV.
Um Portugal como essa América que ele viu na Beira em séries de televisão para provincianos.
(é das coisas mais cruéis que li até hoje; e no entanto verdadeira)


Sucede que Portugal, a que falta tudo ou quase tudo, não se transforma, com propaganda cosmética.
Sócrates percebeu o fracasso.
Mas, "como animal selvagem", resistiu. Queria deixar um monumento ao seu glorioso consulado. O Simplex não servia, o inglês na escola também não e, muito menos, servia a contenção do defice, que de repente explodiu, ou a hegemonia do PS, que já desapareceu. Do Portugal fantástico com que ele sonhou, sobra o aeroporto, a terceira travessia do Tejo e o TGV.
Isso, sim, está à altura dele. Não contem com ele para desistir.  


V. P. V. no PÚBLICO de hoje

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