15.5.09

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Delação ou liberdade

António Arnaut, ex-grão-mestre da maçonaria, diz que os magistrados que relataram as pressões praticaram um acto de "delação". António Barreto defende o fim do sindicalismo judiciário. Considerar delação o relato de factos cujo conhecimento público é essencial para percebermos se existe uma real separação de poderes ou, pelo contrário, vivemos numa democracia onde a Justiça aceita passivamente uma tutela informal dos interesses particulares ou de grupo, é totalmente errado. Para lá de deselegante em relação a magistrados que apenas cumprem o seu dever, de acordo com a respectiva consciência e a lei. 

O mal da Justiça não está nos magistrados que reportam hierarquicamente ou a estruturas associativas o que de errado se passa nos processos. Muito menos nos sindicatos. O mal está na opacidade de centros informais de decisão política com enorme poder de influência junto de tribunais superiores e estruturas hierárquicas da magistratura que cozinham decisões judiciais a bel prazer. Uns e outros vivem acasalados com os mais perversos interesses, como aliás se tem visto na sucessão de escândalos a que vimos assistindo na banca e que tanto "arrepia" o nosso primeiro-ministro. Se querem acabar com o pântano, acabem com as nomeação políticas de magistrados. E com as actuais regras de financiamento partidário. Para lá de que podiam tentar explicar alguma exibição de riqueza por parte de ex-ministros e dirigentes partidários. Tentem, se puderem...

Eduardo Dâmaso, Director-Adjunto

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