4.11.11



O Estado que pague


O patronato que tanto se queixa das "gorduras" do Estado, exigindo ruidosamente "menos Estado", acaba de, através da AEP e outras associações patronais, engordar a despesa do Estado em mais 35 milhões de euros, accionando o aval que obteve do mesmo Estado para financiar o megalómano projecto do Europarque.
O Europarque deveria ser um exemplo de visão e gestão empresariais, até porque gerido pela fina flor do empresariado português. Afinal, "desde o início da sua exploração, em 1996, nunca teve resultados positivos" e a AEP tem que reconhecer "a impossibilidade da Associação Europarque em honrar os pagamentos a que estava obrigada", passando a batata quente para o Estado. Comprova--se, pois, que o Estado é um "desastre" a gerir e deve entregar aos privados empresas públicas, escolas, hospitais, etc..
Desde as leis do condicionamento industrial do Estado Novo que, com raras excepções, a generalidade dos nossos empresários se habituou a viver sob protecção do Estado ou transferindo riscos para o Estado (nesta matéria, os Mellos são o exemplo típico do que é o "grande empresariado" português). É por isso que, mais do que com capacidade de iniciativa ou espírito empreendedor, o sucesso empresarial em Portugal se constrói antes com boas relações.
Agora, do mesmo modo que pagarão a recapitalização da banca privada, serão os contribuintes quem pagará também os erros de gestão e as dívidas do Europarque.

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