20.9.10

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Masculinidade e virilidade

A crer no primeiro-ministro luxemburguês (e um primeiro-ministro luxemburguês está sempre no topo da lista de gente que merece crédito no que toca a bisbilhotices), a discussão entre Sarkozy e Durão Barroso sobre as deportações de ciganos em França terá sido "máscula e viril". A notícia trouxe-me à memória a síntese crítica que João Gaspar Simões um dia fez no DN sobre determinada obra literária: "Máscula e viril, sem deixar de ser realista". Masculinidade e virilidade (palavras femininas, como judiciosamente observou Prévert) remetem, de facto, mais para o realismo mágico ou a literatura fantástica do que para o realismo puro e duro. Dir-se-iam, por isso, independentemente de eventuais divergências acerca de como "fazer a coisa", adequadas a classificar as diferenças ideológicas que haja entre Sarkozy e Barroso quanto a ciganos e indesejáveis em geral. O mesmo não se pode dizer da oposição do PS à condenação pela AR das deportações de ciganos. Sendo talvez "realista", foi tudo menos "máscula e viril", encaixando-se, sim, no concorridíssimo e previsível género parlamentar da cobardia política.

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