23.9.09

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Diplomacia de cócoras


Em tempos de eleições, com toda a corja, nos seus dispersos géneros e espécies, por aí à solta, há notícias que subitamente reconfortam, a de que há alguém que pensa, já nem digo pela própria cabeça, mas que simplesmente pensa e, sobretudo, que age de acordo com valores que outros se limitam a proclamar.

Manuel Maria Carrilho, embaixador na UNESCO, contrariando orientações do ministro Luís Amado (o tal que há dias prestou também vassalagem a essa figura ímpar da democracia e da liberdade que é Khadafi), recusou votar em Farouk Hosny, candidato egípcio a secretário-geral da organização. Ministro da Cultura do Egipto há 22 anos, Hosny tem uma sinistra fama de censor de livros, filmes e órgãos de informação no seu país, e ainda recentemente afirmou que queimaria pessoalmente todos os livros de cultura hebraica que encontrasse na Biblioteca de Alexandria. Os governos de Sócrates e de Berlusconi terão sido os únicos da UE que, postos de cócoras, se conformaram ao desejo dos países islâmicos de colocar um Califa Omar, se possível ainda mais sinistro, à frente da UNESCO. Estão bem uns para os outros.

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