30.1.08

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O texto que hoje é publicado no “Matosinhos Hoje” sob a assinatura do Narciso Miranda merece ser lido, bem lido, e apreciado.
Sobretudo pelos militantes socialistas.
É evidente que as reacções dos presidentes da Concelhia e da Federação do PS são estultas, precipitadas e irresponsáveis.

A qualquer militante é razoável, e mais, legitimo, pretender ser candidato pelo partido a um qualquer cargo político.
Essa pretensão, por descabida que seja – e no caso não é – tem de ser discutida nos órgãos do partido com competência para a decisão respectiva.
Não podem, e sobretudo não devem, os presidentes de duas estruturas – que ainda por cima estão em fim de mandato – vir tomar a posição que o Seabra e Renato Sampaio tornaram públicas.
Desde logo porque não sabem se vão continuar a ocupar esses cargos depois das eleições internas que aí vem.
Depois porque a decisão só pode ser do órgão e não dos respectivos presidentes.
Mesmo que se trata apenas de opiniões pessoais deveriam ter tido mais cuidado na forma de as tornar públicas.

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E pode o Narciso Miranda pretender ser candidato contra o Presidente da Câmara que está em funções indicado pelo partido?
Pode e é legítimo que o faça.
Convenhamos que o Guilherme Pinto não foi indicado pelo partido, foi uma criação, também aqui como no resto da sua vida política, dele Narciso.
Convirá recordar que, na sequência dos incidentes da lota e da decisão de afastar o NM e o MS da candidatura à Câmara, o que foi decidido pelo Jorge Coelho, que à altura tinha o pelouro, e pelo Sócrates foi a candidatura do GP.

Essa indicação foi do NM e foi ele quem fez a lista.
O MS foi mais uma vez «comido» pela promessa que lhe fizeram que lhe dariam a faculdade de indicar metade dos militantes que iriam constituir a lista.
O que não espanta; foi «comido», não se opôs e nem queria fazê-lo, a proveito da segurança e do futuro.
Não é homem de confrontos. É tudo uma questão de coluna vertebral.

Portanto, quem, de facto, era suposto exercer a presidência era o Narciso, por interposto GP. E isso sempre foi concebido como solução transitória que, ao demais, com a limitação legal de mandatos, dava novo fôlego ao NM para muitos e bons anos. E, que se saiba, o GP não a recusou, antes a aceitou.

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Tem a candidatura do NM possibilidade de passar dentro do partido?
Dificilmente; Não terá nunca o apoio das estruturas nacionais (leia-se Sócrates).
E, em rigor não lhe interessa travar essa batalha interna, mesmo que viesse a ter, por interpostas pessoas, influência preponderante na concelhia e na federação.
Ter de travar essa luta internamente obrigava-o a desvendar argumentos e apoios que não lhe interessa dar a conhecer antes do momento próprio.
E também não interessa aos que vão largar o partido para o acompanhar numa inevitável candidatura independente, que teriam de revelar cedo a sua opção.
Em suma, o debate interno da candidatura do Narciso só interessaria ao próprio partido que tinha aí uma maneira de a combater.
Mas é um combate para o qual o partido não tem disposição, nem força, nem vontade, nem coragem.
Ao NM mais interessa continuar, para já, a vogar nas águas tépidas do populismo em que se encontra.
Apelar ao bom povo de Matosinhos para o apoiar na injustiça de que é vítima, mostrar-se em tudo o que é associação ou iniciativa cívica, andar na rua, vangloriar-se do serviço que fez enquanto presidente da Câmara. E atacar o actual executivo, ou melhor, atacar o GP e os vereadores que já sabe nunca o acompanharão, enfraquecendo-os e expondo-os.

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E é fácil ao PS combater politicamente a campanha do Narciso?
Não é!
Em primeiro lugar pelo que a actual vereação não abriu fracturas distintivas na condução do concelho.
Aquilo que está a fazer é a continuação do que anteriormente se fazia. Leva à prática o programa do Narciso.
No pouco que tem feito de diferente, e não é significativo nem relevante, não tem sido brilhante. E dá-lhe o flanco para as críticas que já se vão ouvindo.
Se a lista candidata incluir um número significativo dos que sempre estiveram com o Narciso, que se «fizeram» à sombra dele, que nunca levantaram a voz para o criticar ou criticar a sua condução da Câmara, que argumentos vão utilizar para o combater e combater um qualquer projecto político que apresente?
E ainda por cima passam por traidores e oportunistas. Dir-se-á, e bem, que estão apenas a tratar de defender os lugares que tem e a que estão agarrados.

Como combater então uma candidatura independente do Narciso Miranda?

Em três vectores:
1 – Com gente nova, muita gente nova, até sem o GP se fosse possível.
2 – Com um programa político e de projectos para a Câmara inovadores.
3 – Colocando abertamente a questão da seriedade pessoal em questões financeiras.

Convirá lembrar o inquérito judicial instaurado ao NM por eventual «enriquecimento» injustificado; o inquérito foi arquivado a aguardar a produção de melhor prova.
Este arquivamento não é um branqueamento, é uma insuficiência de prova.
Seria bom que o despacho de arquivamento fosse conhecido e que se soubesse quem foi o magistrado do MP que o proferiu e em que circunstâncias, e com que fundamento.
Era útil por em discussão a situação patrimonial conhecida do NM e como a obteve.
Em suma, o ataque fundado à sua probidade e à lisura do seu comportamento enquanto autarca e político, à sua seriedade é que possível causar danos importantes à candidatura independente.
Mas pode o PS travar esse combate?
Não tem nem a coragem nem o passado limpo para o poder travar.
E não o fazendo arrisca-se a perder a Câmara.

2 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro Leixão

Que saudades de lhe poder dizer, que o seu texto, é claro, simples e coerente. Ainda bem que me deixou voltar a poder fazer comentários "anónimos".
Eu sei que não precisa, mas acredite que há muitta gente consigo e que por aqui lhe pode dar uma palavrinha, de amparo e cumplicidade. Obrigada pelo texto. Está excelente. E não se esqueça que antes do "O porto de Leixões" já você cá andava há muio tempo.
Um grande abraço...e continue.

Anónimo disse...

Cá está a "receita" para abater NM. Simples, arguta, impiedosa e pelas costas como é próprio dos cobardes.
Se não conseguem destronar pelas ideias, pelos principios, aconselha o articulista, rebusquem no passado, vejam se encontram algum fio fora da meada, matem-no à traição pois o que interessa é mesmo vê-lo morto.
Nada me surpreende nesta conduta desgraçadamente inútil, são assim os pensadores de hoje, os estratégas da politica de cujos exeplos de como se deve destruir um país, proliferam por todas as terras.