A vitória do José Luís Carneiro não me entusiasma
particularmente. Não acredito que dela possa sair uma renovação do PS, nem nada
que se pareça. Não é mais do que uma vitória de uma parte do aparelho contra
outra parte do mesmo aparelho.
Ou seja, não estão em causa opções políticas diferentes, não
é uma visão nova e inovadora para o PS, não se trata de perspetivar a
intervenção política em moldes diferentes e inovadores.
É mais do mesmo, a mesma ausência de debate ideológico, a
mesma falta de visão crítica para o País, a mesma falta de consciência da necessidade
de mudar para responder à necessidades e carências dos
portugueses
Não traz um projecto de intervenção social e político novo,
ou sequer remoçado, não tem novas respostas para as questões sociais nesta fase
cítica do País, não apresenta alternativas para um combate político radical
contra os interesses instalados, não define linhas de combate à injustiça
social, à corrupção à pouca vergonha (não me lembro de ter ouvido uma
referência crítica a essa pouca vergonha absoluta que é o «affaire» Paulo Campos.
Penso que o PS não terá qualquer futuro político – e até
espero que não o tenha – enquanto não fizer uma reflexão profunda e séria sobre
o seu exercício do poder, sobretudo a última passagem pelo governo. Tirando dessa
reflexão as consequências necessárias a um partido que se pretende de esquerda.
Não tenho qualquer esperança que o faça, até porque isso
implicaria alienar uma parte significativa do seu «património» e das suas figuras
de relevo, que iriam rapidamente acolher-se onde se sentiriam bem e onde
pertencem: na direita dos interesses e dos negócios a que de facto pertencem.
Isto posto não posso deixar de dizer que me alegra a derrota
do Dr. Pinto e a sua remessa para o caixote do lixo da história a que pertence.
O Dr. Pinto encarna, para mim, o mais repulsivo da política
à portuguesa.
O carreirismo, a subserviência cega ao líder do momento, a
ausência de carácter, a ânsia de poder que não olha a meios - e é até capaz de
morder a mão que longamente o alimentou - a incompetência, a falta de preparação,
a prepotência, a ausência de princípios democráticos, …
E porque o penso, não me posso deixar de alegrar com as duas
derrotas significativas que acaba de averbar: a sua pessoal e a da sua
continuidade que tentou impor na eleição para a concelhia.
Derrotas que podem abrir uma nova via para o PS pelo menos
ao nível de Matosinhos.
Quer isto dizer que o Parada pode fazer a diferença?
PODE!
Se souber travar, e ganhar, duas batalhas cruciais:
Uma contra a parte do
aparelho que o vai combater até às suas últimas forças.
Outra contra a parte do aparelho que o vai apoiar até às
suas últimas forças.
Espero que tenha coragem e a força de travar essas duas
batalhas. E de as ganhar.
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