"Estratégicas" e de "Defesa"
Jorge Silva Carvalho, ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), "revela [ao DN] que, sempre que o interesse nacional se impõe, as 'secretas' podem passar informações a empresas privadas".
O DN online abre a notícia com uma foto do ex-director em pose de Estado, fitando suspeitosamente a objectiva como convém a um espião e diante de um imponente relógio de sala que marca 12 (ou 00?) horas e 25 minutos. O pormenor das horas não é irrelevante, pois o momento - o DN usa o termo apropriado - é de "revelação".
Aparentemente, pois, as "secretas" também têm os seus PIN /Projectos de Interesse Nacional, singularidades que, por obra e graça de um despacho ou um email, tornam interesses privados de empreiteiros, industriais, hoteleiros, etc., em "interesses nacionais", acontecendo ao secretismo das informações da República o mesmo que aos sobreiros das Reservas Ecológicas e Agrícolas: dão lugar a valores - sem outro sentido - mais altos.
Faz-me, contudo, confusão o que seja esse misterioso "interesse nacional" de que tanto se fala e como é que pessoas como o ex-director das "secretas" dão com ele. Em Esparta atiravam-se deficientes do alto do Taigeto em nome do "interesse nacional" e nos saudosos tempos de Salazar abria-se a correspondência e mandava-se gente para o Tarrafal também no seu santo nome. Hoje abatem-se sobreiros e passam-se informações secretas, já é um progresso.
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