Fundo da Segurança Social perdeu 8% do valor. Dava para pagar um mês de pensões
A principal operação realizada em Março foi a conversão de outros produtos de dívida pública (CEDIC) em bilhetes do Tesouro
O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) foi ao mercado comprar 600 milhões de euros em bilhetes do Tesouro em Março, mês em que Portugal sentiu enormes dificuldades para colocar dívida após o chumbo do PEC IV e a demissão do governo.
Estas operações, contudo, só em parte resultaram num aumento de exposição do fundo à dívida pública. Isto porque, explica o Instituto de Gestão de Fundos, 400 milhões de euros já estavam aplicados em dívida soberana portuguesa, mas num outro instrumento, tendo sido convertidos em bilhetes do Tesouro (BT) no mês de Março. O Instituto reconhece que nesse mês foram realizadas compras adicionais de dívida, em BT, de 200 milhões de euros, o único reforço deste ano do investimento do FEFSS em dívida soberana nacional.
Esta é a explicação dada pelo Instituto de Gestão de Fundos ao balanço de Março do FEFSS, a que o iteve acesso, e que mostra um reinvestimento de quase 800 milhões de euros em dívida soberana (obrigações e bilhetes de Tesouro) realizadas nesse mês. Em Abril, o Ministério do Trabalho e Segurança Social desmentiu notícias de que o Fundo tivesse participado no leilão de bilhetes de Tesouro que antecedeu o pedido de ajuda externa de Portugal, a 6 de Abril. Mais tarde, o secretário de Estado da Segurança Social, Pedro Marques, admitiu que houve aquisições adicionais de dívida após o pedido de ajuda, mas apenas de 2% do total do Fundo.
As operação realizadas em Março passaram pela conversão de CEDIC, um instrumento de dívida pública, em bilhetes do Tesouro, um título transaccionável que pode ter sido comprado ou nos leilões de colocação de dívida ou no mercado secundário. Em qualquer uma das circunstâncias, mas sobretudo na primeira, estas transacções terão dado uma ajuda ao sucesso das colocações de bilhetes do tesouro realizadas nesse mês.
Os CEDIC são depósitos a prazo colocados por entidades públicas no IGCP (instituto que gere a dívida pública). A troca de um título por outro, diz o Instituto de Gestão de Fundos, teve como "objectivo flexibilizar a mobilização de fundos". No entanto, esta operação coincide com um período de grande pressão dos mercados sobre Portugal e num mês que o instituto que gere a Segurança Social vendeu dívida pública japonesa quase no mesmo valor. O instituto revela ainda que a subscrição dos CEDIC foi decidida em Maio de 2010, altura em que resolveram trocar todos os depósitos bancários do Fundo por estes instrumentos de dívida pública. Esta decisão, justificada pela redução do risco da contraparte (os bancos), coincide com o rebentar da crise das dívidas soberanas periféricas, quando os custos de financiamento de Portugal começaram a subir.
Dados consultados pelo i mostram ainda que no final de Maio deste ano a dívida soberana nacional pesava 58% na carteira do FEFSS, contra 53% no final do ano.
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