14.6.09

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Creio firmemente que se o PS se apresentar às próximas legislativas sob a liderança do «eng» vai sofrer uma derrota, uma derrota histórica.
E isto porque os últimos quatro anos de governo são um acumular de erros de que o partido vai agora pagar a factura; já a começou a pagar nas europeias.
Se bem nos lembramos o governo arrancou com o anúncio de duas medidas emblemáticas, para efeito de propaganda: a unidose nos medicamentos e a redução das férias judiciais.
Quanto à unidose, ninguém a viu ainda!
As férias judiciais reduzidas são um erro e a sua aplicação nos termos em que o tem sido uma mistificação para enganar papalvos.
Esse é o paradigma de quatro anos de governação.

Em matéria de reformas nada se fez de significativo, salvo na Segurança Social, mas aí, para a salvar financeiramente, optou-se por soluções que diminuíram direitos sociais.
As outras reformas, incompletas e por essa razão inconsequentes, não reformaram nada do que efectivamente era necessário. Ao fim de quatro anos temos de concluir que nada se fez de significativo: está tudo mais ou menos na mesma, mas para pior.
Pelo caminho hostilizaram-se largas camadas da população, sobretudo as mais informadas, com melhor preparação e mais habilitações.
Aumentou significativamente a desigualdade social, sendo cada vez maior a diferença entre os ricos e os restantes cidadãos.
O combate ao deficit fez-se, mais uma vez, com o sacrifício das camadas mais desfavorecidas e foi essencialmente suportado pela classe média.
Entretanto, e simultâneamente, a finança (incluindo os seguros) não só não viram taxadas como deviam a sua actividade e os seus lucros como beneficiaram de políticas que objectivamente a favoreceram.
Não se fez o combate eficiente à evasão fiscal e consentiu-se na continuação da utilização abusiva dos "off-shores" para a evasão fiscal e para a prática incontrolada de delitos económicos, ao mesmo tempo que o Banco de Portugal e o seu governador foram completamente inúteis, salvo para produzir números que interessavam ao governo.
Quando veio a crise do BPN e do BPP, ainda aí o governo atirou dinheiro dos contribuintes para tentar tapar o buraco.
O «eng» levou para o governo, e manteve lá, ministros que não só são ineficientes, como nem sequer se podem deixar falar em público sob pena de mostrarem ao país a incapacidade que os anima e o ridículo que constituem. O caso mais flagrante é o do manelzinho da economia.
O desgoverno levou, e leva, a que crise financeira internacional - cuja existência o governo negou enquanto pode, mesmo quando já era uma evidência - nos tenha apanhado sem que tivessem sido feitas as reformas e tomadas as medidas essenciais para a enfrentar. Daí que a vamos sofrer por mais tempo e com maior intensidade.
Tudo isto acontece, também, porque o Partido Socialista, na esteira da anterior «gestão» guterrista se tornou num partido vazio de ideologia, um mero agregado de interesses sem definição dogmática.
Ora, porque votariam as pessoas num corpo desideologizado, sem norte ideológico nem linha política, e que é apenas uma central de negócios e de distribuição de poderes fácticos menores. Para isso tem o PSD com melhor e mais antiga prática.
Para poder ganhar eleições o PS tem de definir um corpo ideológico que lhe permita travar o combate político.
E tem de o fazer à esquerda, distanciando.se da prática dos últimos tempos.
O mito "blerista" da terceira via, e a sua versão nacional o guterrismo, já provaram não terem futuro nem razão de ser e que não passaram de uma mistificação.
Não cabe à esquerda - ainda que, ou sobretudo social-democrata - fazer a gestão dos interesses do capital
A sua função tem de ser governar no interesse de todos e, sobretudo, no dos mais desfavorecidos. A esquerda ou é socialmente solidária, ou não o é.
Acresce que o «eng» dada a sua figura, crónica, e o carácter que manifesta leva a que um número significativo de eleitores não votem nele.
Quem, considerando-se pessoa de bem, pode votar num partido liderado por um homem que não se notabilizou a não ser palas sucessivas «habilidades» que são a história da sua vida?


O PS não pode, para ainda ganhar as eleições, deixar de encarar a única via pela qual o pode conseguir: livrar-se do Sócrates e definir-se, ou redefinir-se, ideologicamente.
Sem isso vai repetir o desastre das europeias.
Conseguirá fazê-lo antes das legislativas, que serão - tudo indica - em Setembro?
Duvido!

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