Artur Melo e Castro (foto do blogue MarcoHoje)
São várias as questões prementes. Uma delas: Norberto Soares vai mesmo ser o candidato do PS, ou conseguirá Artur Melo reverter a situação a seu favor?
Depois de, num primeiro momento ter anunciado que abandonaria a direcção da Concelhia do PS e entregaria o cartão de militante, Melo decidiu recuar e enfrentar a Distrital. Tanto quanto parece, o primeiro passo correu-lhe bem, ao ser apoiado pelo Secretariado local do seu partido. No próximo sábado, reúne a Comissão Política do PS local, onde tenciona recolher apoios bastantes que lhe permitam um passar ao ataque.
Ao dar estes passos, Artur Melo está a querer dizer que cumpre os estatutos do partido e, assim, a colocar em dificuldades a Distrital que o renegou. Resta saber o que pensam do assunto os responsáveis nacionais do PS que, em última instância, poderão ter a última palavra.
Tanto quanto sei, Artur Melo tem confiança absoluta de que será o candidato socialista. Não partilho do seu optimismo. Desde logo, porque não vejo como é que o Distrital pode voltar a aceitar a sua candidatura, depois de ter chegado até onde chegou, sem perder a face. E, mesmo que recue, será muito difícil ao PS explicar a sucessão de cambalhotas, que não deixarão se ser aproveitadas pelos adversários.
Creio que a acontecer uma reviravolta ela poderá vir do lado de Norberto Soares. Os primeiros sinais já foram dados. Num primeiro momento, Norberto assumiu-se como candidato do PS; depois veio dizer que ainda está em reflexão sobre a matéria; mais tarde começou a dizer que talvez seja candidato independente apoiado pelo PS.
Para além de revelar alguma confusão, o discurso de Norberto permite algumas especulações: estará já arrependido de ter dado o salto para o PS? Será verdade o que se vai ouvindo, no sentido de que as hostes "norbertistas" acolheram mal a solução e há já alguns dissidentes?
Não espantaria, pois, que Norberto Soares recuasse à sua condição de independente (tal como se apresentou ao eleitorado e garantiu que se manteria), deixando, novamente, tudo em aberto no PS.
Só que, aqui, novo problema se depara a Melo. A recolocar-se como candidato, ou consegue uma grande vaga de fundo que faça esquecer as trapalhadas; ou as trapalhadas marcarão até ao fim a sua candidatura, fragilizando-a de morte.
Não está fácil por isso, a vida política de Artur Melo. Mas também não está fácil a vida da Distrital do PS, seja qual for a solução que venha a adoptar, porque, em qualquer caso, será uma solução de recurso ou uma solução contranatura.
Abertos tais cenários, há quem vá sustentando que o PS poderá ser obrigado a apresentar uma terceira via. Ainda aqui, no entanto, grandes dificuldades: ou o PS apresenta uma grande figura que possa unir as facções desavindas, ou arrisca-se a ser pior a emenda do que o soneto, deixando todos desagradados e tornando o PS uma candidatura residual.
O que nem sequer me passa pela cabeça é que o PS avance com uma tereceira via liderada por militantes locais que contribuiram para que Artur Melo fosse esfaqueado. O que, no fundo, poderá ter estado na génese de todo o problema.
Sobre o efeito que estas trapalhadas terão na candidatura de Norberto, falaremos mais tarde.
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