29.1.07

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O referendo acerca do aborto é um erro político que poderá ter consequências extremamente graves, não só para o PS mas, mais do que isso, o que é muito pior, para as mulheres deste País.
O direito a abortar é um direito pessoal essencial; não pode pois, nem deve, ser sujeito a qualquer referendo.
É dever dos partidos, e sobretudo daqueles que se afirmam de esquerda e portanto paladinos dos direitos liberdades e garantias essencias e da dignidade humana, pugnar pela reforma do sistema legal, deixando a decisão livre de abortar na disponibilidade total da mulher.
Aceitar submeter a questão a referendo é demitir-se desse dever, e pactuar com formas incorrectas de limitação dos direitos essenciais
E é arriscar que continue a não haver solução para um problema que há muito devia estar ultrapassado.
Se por ventura a decisão do referendo não for vinculativa no sentido da despenalização - mesmo no estreito e curto âmbito que a pergunta pressupõe - que se segue?
O PS vai propor a alteração legislativa na Assembleia?
Era de facto aí que a questão desde sempre deveria ter sido resolvida.
Não me parece, contudo, que tenha coragem de fazer.
Será que vai ficar tudo na mesma?
É, lamentavelmente, bem possível.

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