15.12.06

O espelhoda Nação
Nos meus tempos de tropa (3 anos e 3 meses da minha vida, da minha única vida!), avultava "em todas as esquinas da cidade", como no poema de Daniel Filipe, um "slogan" célebre "O Exército é o espelho da Nação". A ideia era pôr a soldadesca a ataviar-se garbosamente na esquisita expectativa de que, melhorando a imagem virtual da Nação no espelho, a Nação real se tornasse garbosa, assim a modos como se a Nação fosse (ó Lewis Carroll!) a imagem da sua imagem. 40 anos passados (agora de modo conforme às leis da óptica), é o futebol, e não o Exército, "o espelho da Nação": da Nação político-partidária, da Nação económica, da Nação empresarial. Que ninguém se iluda, o livro "best seller" deste Natal não põe à vista apenas o mundo sujo do futebol; olhando com atenção, é o rosto da Nação que nele difusamente se vislumbra. E isso gera naturalmente a suspeita e põe o cidadão comum de pé atrás em relação a factos que, noutras circunstâncias, talvez lhe passassem despercebidos, como o aparecimento (e rápido desaparecimento…) de magistrados do MP, um deles com funções no DIAP (onde se investiga o "Apito Dourado") numa lista candidata aos órgãos da Federação de Futebol ao lado de dois arguidos nesse processo. Muito descuidada anda a mulher de César!

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