25.9.09

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Pagam por serviço que só chega em 2011

Moradores drenam esgotos paraa rede de águas pluviais. Indaqua diz que a tarifa é legal

00h30m

REIS PINTO

Os moradores em S. Mamede de Infesta (Matosinhos) estão indignados por ter de pagar uma taxa pelo saneamento, que só deverá estar instalado em 2011. A concessionária, a Indaqua, diz que está a actuar dentro da lei.

Entre tantas parcelas espalhadas na simples folha tamanho A4 da factura da Indaqua, a tarifa de utilização de águas residuais sempre havia passado despercebida a Ana Maria Madureira, moradora na Rua do Canto, em S. Mamede de Infesta, Matosinhos.

"A factura tem tantas alíneas e o montante é tão baixo que nem tinha reparado. Mas também não entendo porque pago, uma vez que não tenho saneamento básico. Aqui na rua muita gente drena os esgotos para a rede de águas pluviais", afirmou a moradora.

Uma vizinha, Maria Manuela Jesus Pereira, confessa que eliminou duas fossas sépticas aquando das obras de renovação da casa. "Só estou à espera que instalem o saneamento para fazer a ligação. Até lá, não tenho outro remédio que não seja drenar os esgotos para o colector de águas pluviais. Vivo nesta casa há 54 anos e estou farta de ouvir dizer que o saneamento está a chegar", referiu.

O presidente da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta, Moutinho Mendes, salientou que os grandes núcleos urbanos já dispõem de rede de saneamento básico. "A Indaqua, concessionária para a distribuição de água e recolha e tratamento de água residuais, tem um plano de investimentos para a freguesia e já há obras em diversas ruas. Penso que dentro de dois ou três anos o saneamento chegará a toda a cidade", afirmou o autarca.

Actualmente, de acordo com Moutinho Mendes, cerca de 30% da freguesia, cuja população ronda os 23500 habitantes, não dispõe de saneamento básico.

A Indaqua Matosinhos revelou, por seu lado, que o saneamento básico chegará à Rua do Canto em 2011 e sublinhou que "o funcionamento da concessão é sustentado no regulamento de serviços, que vigora desde Junho de 1996". Segundo a empresa, o regulamento obriga todos os clientes que estejam ligados à rede pública de abastecimento de água a "pagar uma tarifa de utilização no valor de 0,18 euros por metro cúbico de água consumida". Tenham ou não ligação à rede de saneamento.

No caso dos imóveis sem "rede unitária ou separativa "à porta" e que estejam ligados à rede de água, é assegurada uma limpeza anual da fossa séptica da habitação em causa". A empresa revelou que está a concretizar um plano de investimentos, iniciado em Março do ano passado, coincidindo com o arranque da concessão feita pelo Município de Matosinhos, que "prevê a substituição integral da rede unitária por rede separativa durante os primeiros cinco anos". Assim, os esgotos deixarão de ser drenados para o sistema de águas pluviais. Serão executados no concelho cerca de 180 quilómetros de rede, dos quais 40 já foram concretizados. O plano de investimentos nas redes de abastecimento de água e de recolha e tratamento de água residuais ronda os 75 milhões de euros.


no JN

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