Leitura recomendada:
J. M. Correia Pinto no POLITEIA
O PS E AS COLIGAÇÕES PÓS-ELEITORAIS
MAIS DO MESMO
É óbvio que tanto o PS como o PSD querem ganhar as eleições para que não venham a precisar um do outro para governar. São, à escala nacional, demasiado grandes para encarar como alternativa satisfatória a divisão do poder e tudo o que a ele anda ligado. Só que nesta contenda o PSD está mais bem colocado do que o PS: basta-lhe fazer maioria com o CDS para ter o essencial do que pretende; o PS, ou a obtém sozinho, ou vai ter que se aliar a alguém da direita para governar.
Esta inclinação do PS para a direita vem verdadeiramente desde a sua fundação e, principalmente, da sua génese. Com excepção de uns poucos elementos francamente solidários com os seus compatriotas, marcados por uma ideologia de feição igualitária de base moral, o restante PS sempre foi muito semelhante ao de hoje. Para a generalidade da gente do PS, antes, durante e depois do 25 de Abril, francamente importante era a institucionalização da democracia política representativa, a formação de partidos políticos, eleições regulares e o elenco das liberdades e direitos fundamentais de natureza política assegurados. Os direitos fundamentais económicos e sociais, bem como formas mais avançadas de democracia nunca passaram para o PS de uma pura retórica sem qualquer tradução prática ou apego de princípio.
E isto bastou e basta para distinguir o PS, antes e depois do 25 de Abril, dos partidos de direita, mas também não foi impeditivo da formação de alianças com aqueles mesmos partidos, mesmo quando essas alianças poderiam pôr em causa alguns dos princípios fundadores do PS, facto que por si só ajuda a perceber como pode funcionar o PS em situações limite.
A chegada ao PS, antes e depois do 25 de Abril, de elementos que tinham militado no PCP ou em grupos da extrema-esquerda dita marxista-leninista apenas agravou o pendor direitista do partido, como hoje muito bem se nota pelas posições dos que, oriundos desses sectores, continuam a ter um papel ideológico importante na conformação política do PS. De facto, os seus intelectuais orgânicos, tanto os filiados, como os que independentemente de qualquer ligação burocrática o apoiam, são gente marcadamente incapaz de abandonar aquela matriz. E quando o fazem é para acentuar ainda mais o tal pendor direitista do partido.
Ainda agora um deles vem tentar demonstrar por que não pode o PS aliar-se à esquerda, com base numa argumentação que na realidade nada prova e que apenas serve para reiterar a inamovível atitude política do PS desde a sua formação.
De todos os argumentos apresentados, apenas o primeiro faz algum sentido: o anúncio ou a admissão da viabilidade de uma aliança com o PCP ou o BE, ou com ambos, apenas serviria para afugentar o eleitorado “centrista” do PS. Aqui há duas grandes verdades, uma explicitada outra escamoteada. A verdade explicitada é a mais que provável perda de eleitorado do PS se houvesse aliança; a escamoteada é que o PS capta aquele eleitorado por ser o partido que é.
A partir daí nada mais interessa do ponto de vista argumentativo. Dizer que o PCP e o BE são visceralmente anti-PS ou que são partidos anti-europeístas não acrescenta rigorosamente nada à compreensão da impossibilidade de alianças. Como também não passa de pura música celestial a crítica a Guterres por falta de firmeza para justificar um novo governo de maioria relativa, bem como a tentativa de captar o eleitorado de esquerda com programas de direita, para alcançar uma maioria absoluta.
Estas posições do PS e dos seus intelectuais reforçam a convicção de que a aliança à esquerda somente é possível quando o PS perder a hegemonia eleitoral no seio da esquerda. Então, sim, a aliança será possível.
É óbvio que tanto o PS como o PSD querem ganhar as eleições para que não venham a precisar um do outro para governar. São, à escala nacional, demasiado grandes para encarar como alternativa satisfatória a divisão do poder e tudo o que a ele anda ligado. Só que nesta contenda o PSD está mais bem colocado do que o PS: basta-lhe fazer maioria com o CDS para ter o essencial do que pretende; o PS, ou a obtém sozinho, ou vai ter que se aliar a alguém da direita para governar.
Esta inclinação do PS para a direita vem verdadeiramente desde a sua fundação e, principalmente, da sua génese. Com excepção de uns poucos elementos francamente solidários com os seus compatriotas, marcados por uma ideologia de feição igualitária de base moral, o restante PS sempre foi muito semelhante ao de hoje. Para a generalidade da gente do PS, antes, durante e depois do 25 de Abril, francamente importante era a institucionalização da democracia política representativa, a formação de partidos políticos, eleições regulares e o elenco das liberdades e direitos fundamentais de natureza política assegurados. Os direitos fundamentais económicos e sociais, bem como formas mais avançadas de democracia nunca passaram para o PS de uma pura retórica sem qualquer tradução prática ou apego de princípio.
E isto bastou e basta para distinguir o PS, antes e depois do 25 de Abril, dos partidos de direita, mas também não foi impeditivo da formação de alianças com aqueles mesmos partidos, mesmo quando essas alianças poderiam pôr em causa alguns dos princípios fundadores do PS, facto que por si só ajuda a perceber como pode funcionar o PS em situações limite.
A chegada ao PS, antes e depois do 25 de Abril, de elementos que tinham militado no PCP ou em grupos da extrema-esquerda dita marxista-leninista apenas agravou o pendor direitista do partido, como hoje muito bem se nota pelas posições dos que, oriundos desses sectores, continuam a ter um papel ideológico importante na conformação política do PS. De facto, os seus intelectuais orgânicos, tanto os filiados, como os que independentemente de qualquer ligação burocrática o apoiam, são gente marcadamente incapaz de abandonar aquela matriz. E quando o fazem é para acentuar ainda mais o tal pendor direitista do partido.
Ainda agora um deles vem tentar demonstrar por que não pode o PS aliar-se à esquerda, com base numa argumentação que na realidade nada prova e que apenas serve para reiterar a inamovível atitude política do PS desde a sua formação.
De todos os argumentos apresentados, apenas o primeiro faz algum sentido: o anúncio ou a admissão da viabilidade de uma aliança com o PCP ou o BE, ou com ambos, apenas serviria para afugentar o eleitorado “centrista” do PS. Aqui há duas grandes verdades, uma explicitada outra escamoteada. A verdade explicitada é a mais que provável perda de eleitorado do PS se houvesse aliança; a escamoteada é que o PS capta aquele eleitorado por ser o partido que é.
A partir daí nada mais interessa do ponto de vista argumentativo. Dizer que o PCP e o BE são visceralmente anti-PS ou que são partidos anti-europeístas não acrescenta rigorosamente nada à compreensão da impossibilidade de alianças. Como também não passa de pura música celestial a crítica a Guterres por falta de firmeza para justificar um novo governo de maioria relativa, bem como a tentativa de captar o eleitorado de esquerda com programas de direita, para alcançar uma maioria absoluta.
Estas posições do PS e dos seus intelectuais reforçam a convicção de que a aliança à esquerda somente é possível quando o PS perder a hegemonia eleitoral no seio da esquerda. Então, sim, a aliança será possível.
Sem comentários:
Enviar um comentário