Novas provas
08.09.2009 - 11h25 PÚBLICO
As autoridades inglesas têm provas que confirmam o pagamento de “luvas” no âmbito do licenciamento dooutlet de Alcochete, noticia a edição de hoje do “Correio da Manhã”. Tendo em conta as novas informações, o jornal afirma ainda que o ex-presidente do Instituto da Conservação da Natureza, Carlos Guerra, não vai ser o único arguido no processo Freeport a ter de explicar os cerca de 200 mil euros depositados numa das suas contas.
Isto porque a investigação que está a ser conduzida em Londres descobriu vários depósitos em contas abertas em paraísos fiscais britânicos que envolvem alguns dos suspeitos já constituídos arguidos em Portugal. Há também três novas figuras, cujos nomes não são avançados. De acordo com o mesmo jornal, assim que a polícia inglesa enviar as novas provas que agregou ao processo, as autoridades portuguesas deverão constituir mais dois ou três arguidos.
Os depósitos foram alegadamente feitos por Charles Smith, representante da Freeport em Portugal e sócio da consultora Smith & Pedro, contratada para licenciar a superfície comercial de Alcochete. Uma informação a que os procuradores do Ministério Público Paes Faria e Vítor Magalhães terão tido acesso quando há mais de quatro meses estiveram a trabalhar em Londres com a polícia daquele país. Contudo, segundo o "Correio da Manhã" não foram recolhidos movimentos suspeitos nem sobre José Sócrates nem sobre os seus familiares.
Entretanto, no final de Agosto, a Polícia Judiciária recebeu uma nova carta anónima onde o autor garantia que a investigação estava a seguir o primo errado de José Sócrates e que deveria ouvir antes José Paulo Bernardo Pinto de Sousa. O nome deste primo foi também avançado na última sexta-feira pela TVI (o primeiro sem Manuela Moura Guedes) como sendo supostamente “o gordo” referido em alguns emails sobre pagamentos de “luvas”. Contudo, a PJ considerou já a denúncia infundada pelo que não deverá ouvir o primo do actual primeiro-ministro.
Suspensão da investigação?
Recorde-se, ainda, que ontem o procurador-geral da República afirmou que "dentro de dias" será conhecida a resposta sobre a eventual suspensão da investigação do caso Freeport, após o arguido Carlos Guerra ter pedido o afastamento dos magistrados que conduzem o inquérito. Fonte ligada ao Ministério Público disse que o incidente suscitado por Carlos Guerra será decidido pelo superior hierárquico daqueles magistrados, ou seja, pela directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, Cândida Almeida.
O ex-presidente do Instituto da Conservação da Natureza Carlos Guerra, arguido no caso Freeport, entregou na PGR um pedido de afastamento dos magistrados do Ministério Público que conduzem a investigação.
Carlos Guerra foi constituído arguido no caso Freeport em Junho passado por suspeitas do crime de corrupção passiva para acto ilícito, tendo comparecido em finais de Julho perante o juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal. O processo Freeport tem ainda como arguidos Charles Smith, Manuel Pedro, Eduardo Capinha Lopes, José Manuel Marques, José Dias Inocêncio e João Cabral. O processo relativo ao Freeport de Alcochete envolve alegadas suspeitas de corrupção e tráfico de influências no licenciamento daquele centro comercial, em 2002, quando o actual primeiro-ministro, José Sócrates, era ministro do Ambiente.
Notícia actualizada às 15h59
no Público
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